sábado, 15 de janeiro de 2011

ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR - Segundo Drabach e Mousquer

Considerações Iniciais


A problematização realizada neste estudo parte do momento em que, com a reabertura político-democrática no Brasil, é assegurado na Constituição Federal de 1988 e, em 1996, na LDBEN n° 9.394, a Gestão Democrática do Ensino Público. Esta normativa, reconhecida como conquista das forças civil-democráticas, visa introduzir um novo tipo de organização escolar, calcado nos princípios da democracia, autonomia e construção coletiva, em oposição ao caráter centralizador e burocrático que vinha conduzindo este campo. No entanto, diferentes sentidos e significados vêm ocupando os espaços de gestão democrática, os quais muitas vezes não refletem os ideais que impulsionaram a sociedade civil a reivindicar este princípio para o campo educacional, o que enseja uma análise crítica em torno de sua construção enquanto princípio educacional.
Tendo em vista que as políticas públicas materializam questões que não se constituem a partir da realidade imediata, mas são decorrentes de um processo histórico envolvendo fatores políticos, econômicos, sociais e culturais, identifica-se a necessidade de reconstituir a trajetória que culmina na configuração atual da gestão escolar, a fim de identificar o percurso deste campo e compreender as bases em que este se assenta. Ressalta-se a importância desta proposição em virtude de que, diante das inúmeras alterações que se processam no âmbito educacional, torna-se necessário o esforço de compreender os pressupostos que as orientam, a fim de não recairmos em nomenclaturas vagas que não repercutem em transformações expressivas para a educação, não ultrapassando a mudança de nomes.
Diante desta intenção, o texto, resultado de uma pesquisa bibliográfica, está organizado em três momentos. O primeiro, busca reconstituir os escritos teóricos pioneiros sobre administração escolar no Brasil; o segundo enfoca o contexto em que foi produzida a crítica a este modelo e aponta os contornos do conceito de gestão e o terceiro contextualiza o campo em que se dá a legitimação do princípio de Gestão Democrática, apontando suas mudanças e continuidades frente aos pressupostos da Administração Escolar. Ao final, faz-se algumas considerações acerca dos momentos do trabalho.
A trajetória histórica ensejada neste texto cumpre, acima de tudo, o objetivo de evidenciar o processo de construção dos preceitos legais que orientam as políticas públicas no campo educacional, neste caso, a Gestão Democrática. Este percurso permite observar que a construção da legislação educacional não se restringe a formalismos e aparatos normativos, mas é, sobretudo em uma sociedade de classes, resultado de uma luta histórica regado por interesses e práticas contraditórias.

SÉRIE FÉRIAS



sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

ESTÔMAGO FRIO

Iva é a vó da Susane. Mais mãe do que vó, agora pouco importa, visto que a considero também minha vó e todos moramos juntos. A casa da Duque é fria, lembra muito o seminário lá de Viamão e um episódio da história. Bah! Que vício! Tudo tem que virar aula! Mentira, tudo é uma aula. Pena que poucos enxerguem a vida dessa maneira. Para estômago frio!
Pois bem. Na guerra fria entre americanos e soviéticos, éramos expectadores torcendo para que nenhum ganhasse, porque todos iriam acabar perdendo. O enredo era grande e a novela muito longa. Aqui no Brasil vivíamos os anos dourados, a euforia desenvolvimentista, no ano que nasci o tricampeonato mundial, a ditadura, a guerrilha do Araguaia, o sítio do pica-pau amarelo que valia a pena assistir, a vila Sésamo, mais novelas e a promessa de que tudo ia mudar. Veio a crise do petróleo e o Proálcool salvador, a anistia e a volta do Brizola. Lula era operário (ou quase isso) das massas desvalidas, tinha desfile de sete de setembro com aquele uniforme de calça de tergal azul marinho e camisa branca com gravata vermelha com o emblema do colégio e o “must” era participar da banda, onde as gurias olhavam pra gente com maior atenção.
Alguém fez uma reunião secreta para fundar o PT ou algo parecido e é óbvio que alguém dedou e aí todo mundo foi preso. Essa imagem já correu alguns milímetros de filme pelo mundo afora e todo mundo diz que viu, mas não viu. Iva diz que é intriga da oposição, que um dia a verdade escondida no castelo da finada Joaninha Assis Brasil virá e os interesses da nação vão prevalecer sobre a vontade individual. Por que dei a ela a biografia do Briza? Que medo! Todos tinham medo que alguém dedasse nossas estripulias, das nossas “espionagens” e dos planos secretos. Grandes planos para roubar goiaba, ver as pernas das gurias e o melhor de tudo ver “A Dama do Lotação”, proibido para menores.
Nessa mirabolante situação vivemos, ousamos, sobrevivemos e estamos aqui como “testemunhas oculares da história”. Quando a URSS deu os primeiros sinais de que estava no fim a utopia marxista, muitos defensores da liberdade capitalista urraram de felicidade! Os espiões agora eram só fantasia de cineastas, mas lhes aguardava o futuro... e nada como um dia após o outro. Francis Fukuyama alertava para o fim da história, mas ela não acabou. Iva diz que ela (a história) estava dormindo com os patrões e que após a queda de Berlim (do muro) resolveu criar vergonha na cara e se mostrar verdadeiramente, afinal os historiadores são gente séria. Tão séria que vão achar erros neste texto, mesmo sabendo que não é uma tira histórica. Mas, o melhor de tudo é justamente sua interpretação da guerra fria. Interpretação da Iva.
EUA e URSS viviam em briga porque um tinha um brinquedo maior que o outro e cada um queria ser mais que o outro. Ambos namoravam a mesma coisa: a supremacia mundial. Nesta ânsia aplexavam à Deus e ao Diabo, correram atrás de armas e empataram; correram ao espaço, os soviéticos ganharam; correram à lua e os americanos ganharam. Não faltava nada? Sim. As economias mundiais, as empresas, os empregos, as culturas, as pessoas, é a tal globalização. Em épocas de bigbrothers governamentais e leis antipalmadas, o que vocês queriam?
Mas tu és estômago frio! Não pode ouvir nada que já sai delatando tudo para os outros. Não te conto mais nada. Língua de trapo!

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

COMO FALAR SOBRE A MORTE OU COMO PENSAVA TIA ARMERINDA

Família é coisa estranha, junta gente de todas as feições e faz um caldeirão de histórias. A minha não é muito diferente, aquelas coisas tradicionais, dezessete filhos do lado do pai, sete do lado da mãe, televisão colorado RQ, do tempo da National, enfim uma tiozarada de tudo quanto é apelido. Tinha o tio “coração vagabundo”, o tio “gordo” e é claro a tia Almerinda. Como todos, somos mortais, um dia a dama de preto vem nos visitar e aí já sabemos o dilema, “era tão bom”, era “tão feliz”, tadinha da viúva...

Falar da morte sempre é complicado, cada um pensa e já experienciou algo sobre a dita cuja. Lá em casa era tabu de um lado e festa do outro. Na família da mãe era cercada de dor, lágrimas, carpideiras e o escambau. Na família do pai um festerê, que parecia um kerb alemão. Em vez do choro, muitas risadas, músicas e depoimentos que acabavam na gargalhada. Nunca compreendi direito qual era a moral até conhecer a tia Almerinda (Armerinda segundo meus outros tios).
Ela era aquela tia que morava longe, lá no interior do Coqueiro Baixo, com aquele sotaque meio gringo, de cabelo liso bem preto com mechas brancas, tipo a bruxa Memeia, tinha berruga e tudo (é berruga mesmo), usava um guarda chuva sempre e sempre tinha algo a dar pras crianças. Uma grande mulher dizia-se, se bem que era grande mesmo, outros chamavam de guerreira. Alguns falavam que era meio tampa, mas não rasgava dinheiro.
Certo dia alguém me perguntou: - Sor como tu vês a morte? Respondi de pronto que se a visse já estaria morto! – Fala sério profe! Queria saber como entendes a morte? Lembrei-me do livro daquela menina que roubava livros, que “quando a morte conta uma história é melhor você ouvi-lá” e aí me veio a imagem do velório da tia Cecília. Grande tia Cecília.
O entrevero já estava formado quando chegamos. A família inteira, mamãe, papai e filhinhos, todos aprumados, recomendações mil, olha o fiasco, olha isso, olha aquilo. Pasmei quando o pai tira o violão e sai rasgando o menino da porteira, tio Sivero pega a gaita e o tio Astro (Astrogildo) solta a goela e no meio de tudo saiu um - êta porquera! Nessa altura já todos batiam palma, alguns sem entender nada obviamente. De repente para tudo, pensei agora vem guerra, que nada! Eram os gêmeos filhos dela chegando e pedindo uma música do “texera”...
Notei que tia Almerinda ia ao caixão de vez em vez e largava um papelzinho. Lá jazia lívido o corpo de tia Cecília, bem aprumada, com as bochechas bem rosadas, flores e aqueles papeizinhos que atiçavam minha curiosidade. Mas, como pegar um? E se a morta se invoca? E se minha mãe me pegasse? E se fosse o babaca do primo mais tonto que pegasse? E assim foi feito. Vitória das vitórias. O assunto no meio da parentaia era que pegaram um bilhete da tia Armerinda. Escondidos nas entresalas e corredores conseguiram ler: “Cecília, fala pro pai que aqui tá tudo bem. Diz prá mãe não se preocupá, o Carlão já se curou das ventas. Aproveita e dá um abraço no Viva (tio Vivaldino) que ele fez aniversário semana passada. Pro alemão diz que eu vou demorar mais um pouco!” Gargalhadas homéricas, agora entendia tudo.
Gente louca me diriam. Mas é minha família. Hoje passados vários anos, experiências vividas, quilômetros rodados, compreendo o que queria tia Almerinda e os demais ao falar da morte: do limão uma limonada e da morte apenas uma passagem para outra vida.

copyright by Joel Dimas - Reg. 2979/2010

MENSAGEM DO DIA

O importante não são quantas pessoas telefonam pra você, nem com quem você saiu ou está saindo. Também não importa se você nunca namorou ou com quem namorou. O importante não é quem você beijou. O importante não são seus sapatos, nem seus cabelos, nem a cor da sua pele, nem onde você mora, que esporte você pratica ou o colégio que freqüenta. Na verdade, o importante não são suas notas, seu dinheiro, suas roupas ou se passou na faculdade. Na vida, o importante não é ser aceito ou não pelos outros. O importante na vida é quem você ama e quem você fere. É como você se sente em relação a você mesmo. É confiança, felicidade e compaixão. É ficar do lado dos amigos e substituir o ódio por amor. O importante na vida é evitar a inveja, não querer o mal dos outros, superar a ignorância e construir a confiança. É o que você diz e o significado de suas palavras. É gostar das pessoas pelo que elas são e não pelo que têm, fingem ou pretendem ser. Isso é o importante".