Eric Hobsbawn - 95 anos |
Em entrevista à imprensa, a filha de Hobsbawn, Julia, disse que seu pai
morreu no início da manhã no Royal Free Hospital, onde ele se tratava de uma
pneumonia. "Sua ausência será imensamente sentida não só por sua esposa de mais de 50
anos, Marlene, por seus três filhos, sete netos e bisnetos, mas também por
muitos leitores e estudantes ao redor do mundo", informou um comunicado da
família. A reputação do historiador deve-se, principalmente, a quatro obras escritas
por ele, entre elas "Era dos Extremos: o Breve Século 20: 1914 - 1991", livro
que foi traduzido em 40 línguas.
De família judia, Hobsbawm nasceu na cidade de Alexandria, no Egito, em 1917,
o mesmo ano da Revolução Russa, que representou a derrocada do czarismo e o
início do comunismo no país. Não por coincidência, a vida do historiador e seus trabalhos foram moldados
dentro de um compromisso duradouro com o socialismo radical. O pai de Hobsbawm, o britânico Leopold Percy, e sua mãe, a austríaca Nelly
Grün, mudaram-se para Viena, na Áustria, quando o historiador tinha dois anos e,
logo depois, para Berlim, na Alemanha.
Hobsbawm aderiu ao Partido Comunista aos 14 anos, após a morte precoce de
seus pais. Na ocasião, ele foi morar com seu tio. Em 1933, com o início da ascensão de Hitler na Alemanha, ele e seu tio
mudaram-se para Londres, na Inglaterra. Após obter um PhD da Universidade de
Cambridge, tornou-se professor no Birkbeck College em 1947 e, um ano depois,
publicou o primeiro de seus mais de 30 livros. Hobsbawm foi casado duas vezes e teve três filhos, Julia, Andy e Joshua.
Na década de 80, Hobsbawm comentou sobre sua fuga da Alemanha. "Qualquer um
que viu a ascensão de Hitler em primeira mão não poderia ter sido ajudado, mas
moldado por isso, politicamente. Esse garoto ainda está aqui dentro em algum
lugar - e sempre estará".
Obra
Entre as obras mais conhecidas de Hobsbawm, estão os três volumes sobre a
história do século 19 e "Era dos Extremos", que cobriu oito décadas da Primeira
Guerra Mundial ao colapso da União Soviética. Já como presidente do Birkbeck College, ele publicou seu último livro, "Como
mudar o mundo - Marx e o marxismo 1840-2011", no ano passado.
O historiador afirmou que ele tinha vivido "no século mais extraordinário e
terrível da história humana". Marxista inveterado, ele reconheceu a derrocada do comunismo no século 20,
mas afirmou não ter desistido de seus ideais esquerdistas. Em abril deste ano, Hobsbawm disse ao colega historiador Simon Schama que ele
gostaria de ser lembrado como "alguém que não apenas manteve a bandeira
tremulando, mas quem mostrou que ao balançá-la pode alcançar alguma coisa, ao
menos por meio de bons livros".
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