sábado, 27 de dezembro de 2008

Vende-se Tudo - Martha Medeiros




No mural do colégio da minha filha encontrei um cartaz escrito por uma mãe, avisando que estava vendendo tudo o que ela tinha em casa, pois a família voltaria a morar nos Estados Unidos. O cartaz dava o endereço do bazar e o horário de atendimento. Uma outra mãe, ao meu lado, comentou: _ Que coisa triste ter que vender tudo que se tem. _Não é não, respondi, já passei por isso e é uma lição de vida. Morei uma época no Chile e, na hora de voltar ao Brasil, trouxe comigo apenas umas poucas gravuras, uns livros e uns tapetes. O resto vendi tudo, e por tudo entenda-se: fogão, camas, louça, liquidificador, sala de jantar, aparelho de som, tudo o que compõe uma casa. Como eu não conhecia muita gente na cidade, meu marido anunciou o bazar no seu local de trabalho e esperamos sentados que alguém aparecesse. Sentados no chão. O sofá foi o primeiro que se foi. Às vezes o interfone tocava às 11 da noite e era alguém que tinha ouvido comentar que ali estava se vendendo uma estante. Eu convidava pra subir e em dez minutos negociávamos um belo desconto. Além disso, eu sempre dava um abridor de vinho ou um saleiro de brinde, e lá se iam meus móveis e minhas bugigangas. Um troço maluco: estranhos entravam na minha casa e desfalcavam o meu lar, que a cada dia ficava mais nu, mais sem alma . No penúltimo dia, ficamos só com o colchão no chão, a geladeira e a tevê. No último, só com o colchão, que o zelador comprou e, compreensivo, topou esperar a gente ir embora antes de buscar. Ganhou de brinde os travesseiros. Guardo esses últimos dias no Chile como o momento da minha vida em que aprendi a irrelevância de quase tudo o que é material. Nunca mais me apeguei a nada que não tivesse valor afetivo. Deixei de lado o zelo excessivo por coisas que foram feitas apenas para se usar, e não para se amar. Hoje me desfaço com facilidade de objetos, enquanto que torna-se cada vez mais difícil me afastar de pessoas que são ou foram importantes, não importa o tempo que estiveram presentes na minha vida. Desejo para essa mulher que está vendendo suas coisas para voltar aos Estados Unidos a mesma emoção que tive na minha última noite no Chile . Dormimos no mesmo colchão, eu, meu marido e minha filha, que na época tinha 2 anos de idade. As roupas já estavam guardadas nas malas. Fazia muito frio. Ao acordarmos, uma vizinha simpática nos ofereceu o café da manhã, já que não tínhamos nem uma xícara em casa. Fomos embora carregando apenas o que havíamos vivido, levando as emoções todas: nenhuma recordação foi vendida ou entregue como brinde. Não pagamos excesso de bagagem e chegamos aqui com outro tipo de leveza.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Caído na calçada - Davi Coimbra

Ontem saí de casa mais cedo do que o normal, a temperatura era amena de primavera, o dia estava amarelo e azul, do som do meu carro se evolava o rock suave da Rádio Itapema e eu me sentia realmente bem. Estacionei numa rua quase bucólica do Menino Deus e vi que ali perto um catador de papel puxava sua carrocinha sem pressa.Era magro e alto, devia andar nas franjas dos 50 anos e tinha a pele luzidia de tão negra. Ao seu lado saltitava um menino de, calculei, uns quatro anos de idade, talvez menos. Devia ser o filho dele, porque o observava com um olhar quente de admiração, como se aquele homem fosse o seu herói. Bem. Ao menos foi o que julguei, certeza não podia ter. Já ia me afastar quando, por entre as grades da cerca de uma creche próxima, voou um brinquedo de plástico. Um desses robôs cheios de luzes e vozes, que se transformam em nave espacial e prédio de apartamentos, adorado pelas crianças de hoje em dia. Algum garoto devia ter atirado o brinquedo para cima por engano, ou fora uma gracinha sem graça de um amigo.
O menino que era dono do brinquedo colou o rosto na grade como se fosse um presidiário, angustiado. O filho do catador de papel correu até a calçada, colheu o robô do chão e não vacilou um segundo: retornou faceiro para junto do pai, o brinquedo na mão, feito um troféu.. Olhei para o menino atrás da cerca. Estranhamente, ele não falou nada, não gritou, nem reclamou. Ficou apenas olhando seu brinquedo se afastar na mão do outro, os olhos muito arregalados, a boca aberta de aflição. Muito orgulhoso, o filhinho do catador de papéis mostrou o brinquedo ao pai. O pai olhou. E fez parar a carrocinha. Largou-a encostada ao meio-fio. Levou a mão calosa à cabeça do filho. E se agachou até que os olhos de ambos ficassem no mesmo nível.
A essa altura, eu, estacado no canteiro da rua, não conseguia me mover. Queria ver o desfecho da cena. O pai começou a falar com o menino. Falava devagar, com o olhar grave, mas não parecia nervoso. Explicava algo com paciência e seriedade. O menino abaixou a cabeça, envergonhado, e o pai ergueu-lhe o queixo com os nós do dedo indicador. Falou mais uma ou duas frases, até que o filho balançou a cabeça em concordância.
A seguir, o menino saiu correndo em direção à creche. Parou na grade, em frente ao outro garoto. Esticou o braço. E, em silêncio, devolveu-lhe o brinquedo. Voltou correndo para o pai, que lhe enviou um sorriso e levantou a carrocinha outra vez. Seguiram em frente, o pai forcejando, o filho ao lado, agora não saltitante, mas pensativo, concentrado. Então, tive certeza: aquele olhar com que o menino observara o pai era mesmo de admiração, ele era de fato o seu herói.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Crise econômica - Maria Bordin Tarter - 2º ano


Graças a uma crise no sistema bancário dos Estados Unidos da América, este ano, várias quedas nas bolsas e muitas dívidas em todo o mundo estão acontecendo. Os empréstimos estão subindo, muito caros e muitos difíceis de serem conseguidos. Só resta as empresas procurarem outra forma de financiamento. O dólar está aumentando cada vez mais, ás vezes baixa, mas muito pouco.
O mercado está cada dia mais difícil, as dívidas tendem a aumentar. Muito dinheiro está na ‘’mão’’ de empresas que são privadas, e se, as empresas forem de algum modo renovar suas dívidas, arcarão com taxas muito mais altas de juros. Após algumas quedas na moeda americana, o dólar simplesmente está sendo muito valorizado, com algumas quedas ‘’normais’’ mas sempre volta a se valorizar rapidamente. A queda nas bolsas afeta a economia drasticamente, muitas pessoas perderam grande quantidade em dinheiro que investiram na bolsa. Há por alguns certa expectativa que o crescimento mundial diminuirá, e isso em alguns países já é visível. Se o valor das commodities caírem demais, as empresas que exportam serão as mais afetadas. As commodities minerais e agrícolas estão caindo.
Os bancos brasileiros encontram no momento taxas com valores altíssimos, para empréstimos no exterior. Muitas famílias estão passando por pequenas ou grandes dificuldades. Mas Muita coisa ainda está acontecendo.

"Solifluxão"

Parte do solo do estado de Santa Catarina está desmanchando. A afirmação é do professor do Departamento de Análise Geoambiental da Universidade Federal Fluminense, Júlio César Wasserman, em entrevista na quinta-feira (27) à Rádio Nacional, Rio de JaneiroO especialista esclareceu que o desabamento de terra ocorrido nas encostas de cidades do estado devido às fortes chuvas é um processo chamado solifluxão. Segundo ele, na maior parte das vezes o fenômeno acontece devido ao desmatamento das encostas. "Quando se tem ocupação de favelas ou residências com pouca estrutura nessa áreas, esse processo vai ocorrer", disse. Ele explicou que a espessura do solo das encostas é relativamente reduzida e que quando há chuvas, as águas penetram até a rocha sã (tipo de rocha que não virou solo). Por esse motivo, a terra ultrapassa sua capacidade de absolver essa água. Fato acontecido em Santa Catarina. "A formação é como se fosse uma manteiga derretendo em um bloco de gelo", exemplificou. Para o professor, o papel da Defesa Civil no momento, de identificar as áreas de risco nos estado, deveria ter sido realizado antes. Como exemplo de prevenção, Wasserman citou os trabalhos de conscientização da população feitos nas cidades de Petrópolis e Teresópolis, no Rio de Janeiro. "Quando atinge uma determinada quantidade de chuva, eles mesmos tomam a iniciativa de abandonar a casa e se instalarem em outros locais", contou. O pesquisador também destacou que, além de perder as casas, muitas famílias deverão perder os terrenos onde as moradias estavam construídas, já que as áreas desapareceram no meio da enxurrada. De acordo com ele, nos locais em que o solo se acomodar, será possível fazer uma análise geotécnica. Nesses casos, as famílias serão orientadas sobre como reconstruir suas casas. Para ele, no entanto, o quadro visto na catástrofe é de barrancos desmoronados e nessa situação a recuperação do terreno será praticamente impossível. "O custo para se construir uma casa pendurada em um barranco é muito alto. Essas pessoas infelizmente vão perder o terreno", afirmou. Na opinião de Wasserman , a responsabilidade pelos prejuízos é do estado. "Acho que existe uma grande responsabilidade do estado em ter legalizado esse terreno. Mesmo nas situações de invasão. Acho uma irresponsabilidade o fato de o estado não ter controlado a ocupação nessas áreas de risco", criticou. (Fonte: Radiobrás)

ENCRUZILHADA


O mundo encontra-se numa encruzilhada. Este conceito, diferentemente da palavra crise, indica que estamos diante de uma bifurcação da trajetória humana, diante da qual é necessário tomar uma decisão. Encruzilhada pressupõe uma parada para a reflexão, seguida de escolha, de uma opção.
Tomemos como exemplo o caso das fontes energéticas. Pouco a pouco, cresce a consciência de que os combustíveis fósseis – carvão, gás e petróleo – não são renováveis nem inesgotáveis. Além disso, sua queima prolongada vem emitindo toneladas e toneladas de poluentes na atmosfera, contribuindo para o aquecimento global. Há tempo os cientistas vêm trabalhando para encontrar fontes alternativas de energia. Seus esforços, entretanto, salvo raras exceções, convergem para os agrocombustíveis, seguindo a via mais à mão e mais cômoda.
Não é difícil dar-se conta que essa opção, cedo ou tarde, entrará em rota de colisão com a produção de alimentos. Também deve bater de frente com a consciência ecológica das últimas décadas. O volume e a velocidade do modelo de produção e consumo, desencadeado pela Revolução Industrial e pela tecnologia, exigirá cada vez mais energia, e esta vai acabar disputando as terras agricultáveis, seja com os alimentos seja com a preservação ambiental.
É aqui que entra em jogo a encruzilhada. Concretamente, continuaremos mantendo o ritmo acelerado da produção, ou optaremos por combater a miséria e a fome dos cerca de 900 milhões de pessoas que, segundo a FAO, ingerem por dia menos calorias do que o necessário? Seguiremos com esse modelo de crescimento, concentrador e excludente ao mesmo tempo, ou podemos pensar em uma civilização mais justa, solidária, sóbria e sustentável? Incorporaremos mais e mais terras à produção de vegetais para o bio-combustível, privilegiando o transporte privado das classes médias e altas, ou utilizaremos essas terras para a produção de alimentos, investindo no transporte coletivo de qualidade? Em termos metafóricos, vamos encher tanques de carros ou estômagos vazios?
Muitos insistem em dizer que não há encruzilhada nenhuma e que esse discurso é alarmista. A história se encarregará de mostrar quem está com a razão. De qualquer modo, por sua capacidade de produção agrícola, o Brasil tem um papel decisivo diante dessas perguntas. Papel decisivo tem igualmente o G8 e o G20, respectivamente grupo dos países ricos e dos países emergentes. O que é mais importante, crescimento a qualquer preço ou distribuição eqüitativa das riquezas? Para onde iremos?

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

GREVE JUSTA - Juremir Machado Correio do Povo 20/11/2008



O magistério estadual gaúcho entrou em greve. Mas o governo achou-se incompreendido. Dado que uma lei federal estabeleceu piso salarial, como salário inicial, no valor de R$ 950,00, as autoridades do Rio Grande do Sul trataram de interpretar de outra forma o espírito dessa medida, contrariando o bom senso e a língua portuguesa, para defender os interesses dos nossos professores. Não entenderam? Acham que estou ficando louco? Explicarei. O governo gaúcho ficou preocupado com a possibilidade de os professores começarem a ganhar um pouco mais. Nem se trata de ganhar bem, muito bem ou suficientemente. É bem mais simples. Ganhar a partir de R$ 950,00 complica.Esmiuçarei o que parece serem as razões profundas, embora jamais reveladas, dos nossos representantes e gestores. As razões superficiais são conhecidas: falta de recursos, sistema inchado e necessidade de não abalar o ajuste fiscal em curso. As razões que aqui chamo de profundas são mais interessantes. Se um professor em começo de carreira ganhar R$ 950,00, quanto receberá, acrescentando-se vantagens, um profissional com 20 anos de carreira? Pode, quem sabe, chegar a R$ 2 mil. Já imaginaram? Aí se tornaria perigoso. Professor com salário razoável pode começar a fazer coisas impensadas, tomar atitudes impulsivas, agir de modo precipitado. Entre as ações perigosas que podem resultar de uma elevação substancial de salário encontram-se ir ao cinema com mais freqüência (ou simplesmente ir ao cinema), comprar música e, pasmem, adquirir braçadas de obras na Feira do Livro. Bem, braçadas mesmo, convenhamos, não daria, salvo em balaios, mas ainda assim haveria o risco de um aumento vertiginoso na aquisição de livros. É sabido que professores com muita leitura causam problemas. Ficam sabichões, até arrogantes, ensinam melhor e podem até fazer com que os alunos de escolas públicas se tornem verdadeiros concorrentes de alunos de escolas privadas em vestibulares ou outros gêneros de concursos. Ouvi dizer, embora sem confirmação, que já tinha professor pensando em viajar graças ao piso salarial (salário inicial). Não deve ser verdade. Livros e viagens já é demais! Outro item contestado pelos nossos protetores diz respeito ao tempo necessário para atividades fora de sala de aula (preparação, correção de provas e outros passatempos levados para casa). Segundo o governo, isso exigiria contratar mais 27 mil professores. Não haveria dinheiro para isso. Sugere-se, então, que o magistério continue a praticar uma tradição de sacrifício, trabalhando de graça no aconchego do lar pelo bem público e pelo sacerdócio do ensino. Afinal, ser professor deve ser padecer na sala de aula e ainda levar trabalho para casa. Claro que os governantes não se reconhecerão nestas linhas. Mesmo assim, frios e estatísticos, pedirão como sempre cautela, pragmatismo e realismo a quem passa a vida esperando o famoso 'agora vai'. Aí, quando vai um pouquinho, inacreditavelmente, o governo não quer pagar.A greve só podia ser justa. Mais do que isso, justíssima, legítima, além, claro, de ser legal. Em governo de intelectual, costuma ser assim: a educação fica em segundo lugar mesmo parecendo estar em primeiro. Foi assim com FHC. As universidades públicas foram abandonadas. No Rio Grande do Sul, educação e cultura só têm levado tranco. Quando não tem outro jeito, é preciso meter o pé na porta. Piso é salário inicial.

Por quem tocam as sinetas - Elvino Bohn Gass



Há uma expressão popular que diz: "não pode pagar o justo pelo pecador" que o bom Aurelião comenta assim: "não deve ser castigado ou repreendido aquele que não tem culpa, ficando impune o culpado". Ocorreu-me a expressão quando refleti sobre o impasse que está posto entre o governo Yeda e o magistério estadual por conta da greve decretada há alguns dias. Entenda-se, aqui, o pecado não como transgressão religiosa, mas como sinônimo de erro, culpa, maldade.
Os professores, e disto têm ciência até os lápis sem ponta, formam uma das categorias mais mal remuneradas de todo o funcionalismo. A eles pode-se, quem sabe, equiparar os policiais que desempenham tarefa igualmente nobre. Uns educam, outros protegem, mas os dois ganham menos do que merecem. E, nesta altura da história gaúcha, ambas as categorias encontram-se mobilizadas por melhores condições de trabalho.
É sintomático, então, que o mesmo governo que há meses vem sendo alvo dos protestos dos dois movimentos tenha resolvido editar, no último dia 28 de outubro, um decreto que visa, nitidamente, intimidar, ao velho e mau estilo ditatorial, qualquer manifestação, justa ou não, do funcionalismo. A pretexto de regulamentar a lei de greve dos funcionários públicos, o decreto de Yeda corta o ponto, desconta o salário e interrompe progressões de carreira daqueles a quem seu governo negou o diálogo e que, sem outra alternativa, se viram impelidos ao extremo recurso da paralisação.
Ora, se os professores conquistaram, com anos de luta, um Plano de Carreira e um Piso Salarial Nacional, é justo que este direito lhes seja assegurado. É igualmente sensato que, se os professores, como sempre fizeram, vão recuperar as aulas perdidas por conta da greve, seus pontos não devam ser cortados. E se os policiais são obrigados a expor suas vidas à crescente perversidade dos delinqüentes, é justo que a eles sejam oferecidas condições ideais de trabalho (leia-se salário digno e equipamentos de proteção e defesa). Não incorrem em erro, culpa ou maldade, portanto, aqueles que, diante da violação ou da ameaça a seus direitos, legitimamente protestarem. É como penso.
Mas não é como pensa Yeda, cujo governo, além do castigo do decreto desmedido, tem repreendido com violência todos os movimentos sociais sem compreender que, justamente por este comportamento, é que perde qualquer razão. Fosse este um governo democrático de verdade, houvesse para a justiça um mínimo espaço neste Poder Executivo e pudessem o bom senso e a humildade substituir a arrogância da governadora e de sua secretária de Educação, se poderia dar fim imediato à greve do magistério com um acordo.
Nenhum professor vai à greve sem razão. Se o faz, é sempre porque está no limite. É porque vê esgotada qualquer outra forma de alertar os governantes e a sociedade de que há risco iminente de perda de direitos que lhe são fundamentais para a manutenção da dignidade e de alguma mínima perspectiva de futuro– caso do Plano de Carreira - ou que implicam – caso do Piso Nacional – em conquistas pelas quais lutaram uma vida inteira e que são essenciais para a manutenção do ânimo de continuar exercendo este verdadeiro sacerdócio que é o magistério. Quando tocam sinetas debaixo de sol e chuva, estes bravos homens e estas mulheres guerreiras o fazem para que nós, pais, alunos, deputados, prefeitos, governadores, homens e mulheres, tenhamos consciência de que, sem um sistema educacional digno, com garantia de salário, condições de trabalho e qualidade de ensino, é o futuro que se põe em risco. O futuro de todos nós. É por todos nós, então, que tocam as sinetas.

sábado, 15 de novembro de 2008

Franciele Moro e a Crise Global

Crise Global

Atualmente o mundo passa por uma crise financeira Global , que teve início nos EUA. Este problema que começou no setor imobiliário com as hipotecas , logo evoluiu para uma crise de crédito que influenciou fortemente sobre as bolsas de valores do mundo todo.
Em função dos juros baixos as financiadoras começaram a ter uma demanda muito grande , e seus principais clientes eram pessoas de renda baixa.
Com o passar do tempo o que estava indo bem começou a piorar, o preço dos imóveis “despencou” , os juros das casas de empréstimos aumentaram e conseqüentemente a inadiplência afetou o setor imobiliário , pois as pessoas não tinham como pagar suas dívidas. Não demorou para muito para esta crise que era local espalhar-se pelo mundo.
Contudo já foram tomadas medidas cabíveis para solucionar estes problemas, agora esperamos que estas de fato ajudem a melhorar a crise que chocou e choca ate agora o mundo todo.
Esperamos melhoria e o dólar no valor mais baixo cidadãos precisam, pois essa crise comove pobres e ricos.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Desafios da (In) disciplina na Formação Docente


O problema da disciplina escolar é grave. Questões de indisciplina sempre existiram: há registros históricos de mais de dois mil anos antes de Cristo com queixas do comportamento das crianças e dos jovens. Portanto, a indisciplina não é novidade. Nova é a intensidade com que vem ocorrendo nos últimos anos; esse aumento quantitativo provocou uma mudança qualitativa, de tal forma que não é mais possível deixar de lado essa questão na formação inicial e continuada do professor. Não estamos, evidentemente, entendendo a disciplina como algo fora da prática educativa escolar, como um anexo, algo “a mais”. Seria artificial querer separar a disciplina de questões como interesse, motivação, mobilização para o conhecimento, gestão da Escola como um todo, relacionamento da Escola com a comunidade, planejamento, conteúdo, metodologia, avaliação, objetivos, finalidades (o sentido do trabalho tem um papel absolutamente decisivo na constituição da disciplina).
Por outro lado, o campo teórico da disciplina escolar também se constitui de elementos que são fundamentais em várias atividades da Escola e que, além disso, não lhes são exclusivos, uma vez que dizem respeito igualmente a outras instituições e até mesmo às interações sociais cotidianas; passa por respeito, liberdade, responsabilidade, ética, desenvolvimento moral, internalização de valores, atitude, socialização, cooperação, consenso, negociação, controle, obediência e pelo próprio conceito de Educação, pela educabilidade humana e pelos processos de formação humana.
Entendemos, pois, que a disciplina deveria ser bem trabalhada na formação do professor, tendo em vista que é uma demanda nuclear da atividade docente. Considerando a especificidade do trabalho escolar (trabalho com a cultura e o conhecimento elaborado de forma mediada, sistemática, intencional e coletiva), não há como sustentar a idéia de que a disciplina seria uma “decorrência natural” do trabalho pedagógico. A disciplina também não diz respeito apenas ao sujeito ou ao relacionamento (interpessoal) professor–aluno, mas inclui o coletivo. Tem ainda um campo teórico-metodológico próprio: os estudos sobre disciplina implicam um leque de temas peculiares, que não costumam serem abordados em outros campos teóricos na formação docente, tais como: convivência escolar, coletividade de sala de aula (e da escola), clima de aula, direção ou manejo de sala, autoridade do professor, autonomia do aluno, reconhecimento mestre–discípulo, limites de comportamento/conduta/maneira de agir do aluno (e do professor), controle de trabalho didático/pedagógico (regras, normas, direitos e deveres, sanções), relações de poder (professor–aluno, aluno–aluno) e vivência de valores.


Por que o professor deve estudar disciplina?


Não há tanta coisa mais importante na sua formação? Com certeza, existem elementos muito valiosos na formação do professor; mas, inicialmente, se não dominar, se não tiver competência para construir a disciplina em sala, todo o seu trabalho pode ficar comprometido, justamente por falta de condições de exercer adequadamente sua atividade, em função dos problemas de comportamento dos sujeitos envolvidos (em especial alunos e professor, mas também equipe escolar e comunidade); além disso, um dos grandes objetivos da educação escolar é justamente ajudar os alunos a se desenvolverem eticamente numa perspectiva emancipatória, e isso, como sabemos, não se dá espontaneamente, apenas na base da “boa vontade”. No passado, não se colocava a necessidade de formação do professor no campo disciplinar, em função de uma série de fatores externos que configuravam determinado tipo de comportamento na sala de aula. De um lado, cabe lembrar o ambiente mais repressor na sociedade como um todo e nas relações familiares, em particular; de outro, o mito de ascensão social que envolvia a Escola. Ou seja, havia sentido e limites (elementos fundamentais para que haja disciplina) dados socialmente, o que facilitava incrivelmente o trabalho do professor, em especial no que diz respeito à indisciplina ativa (os alunos podiam não estar interessados, mas não se manifestavam com tanta intensidade como hoje). Não é que o problema estivesse resolvido, uma vez que estar dado socialmente não significa necessariamente estar assumido por um sujeito em particular (nem significa que o assumido tenha um caráter libertador). Portanto, a tarefa de ajudar o aluno a construir um sentido para o estudo e um caráter libertador. Portanto, a tarefa de ajudar o aluno a construir um sentido para o estudo e lidar com os limites — bem como com as possibilidades — é fundamental no ato educativo. Atualmente, com a crise social e escolar, essa demanda apenas manifesta-se de maneira mais clara.Os vazios na formação somados aos enormes desafios da prática levam muitos professores a situações profissionais desagregadoras: Busca ansiosa de “receitas” para resolver os problemas de indisciplina. Acusação contra alunos, pais, sistema (“a melhor defesa é o ataque”). Encaminhamentos (“síndrome de encaminhamento” para equipe escolar ou serviços especializados). O que está por trás de tais atitudes é a transferência de responsabilidade: espera-se que outro resolva e, ainda, rapidamente. Resistência à inovação: o professor fica com medo de tentar novas abordagens metodológicas e assim “perder o controle” da turma. Enfocando reflexivamente o campo da formação docente, entendemos que, por certo, não existe uma formação universal. Os critérios de definição da formação têm a ver com a concepção de Educação que se assume com o entendimento da função do professor. Infelizmente, em pleno terceiro milênio, há, ainda, professores que entendem que sua função é meramente transmitir determinado saber; e se o aluno não aprendeu ou se apresenta problema de comportamento, isso simplesmente não é com ele... Em contraponto, se entendemos que a tarefa do professor é a humanização através do ensino — que tem como meta possibilitar a apropriação significativa, crítica, criativa e duradoura dos elementos relevantes dos conhecimentos e da cultura (crença, valores, habilidades, atitudes, práticas) historicamente acumulados, tendo em vista a formação da consciência, do caráter e da cidadania — então, com certeza, sua formação deverá contemplar não apenas a gestão da aprendizagem, como também a gestão da coletividade, dos comportamentos.

Reflexões Finais


Em linhas gerais, conforme Celso Vascocellos, o posicionamento dos professores pode ser classificado hoje em três grandes tendências: a Autoritária, a Espontaneísta e a Dialético-libertadora (que representa um esforço de superação por incorporação tanto da Autoritária quanto da Espontaneísta), podendo ser analisadas enquanto Postura do Professor e Concepção de Disciplina (Vasconcellos, 2006):

Autoritária
a) Rígida – age sempre da mesma forma, apesar das mudanças e contradições da realidade. b) Autoritária/Seca – muitíssima certeza, pouquíssima dúvida; não precisa dos outros, pois se julga auto-suficiente, sendo muito pouco afetiva, ou melhor, tendo muita dificuldade para trabalhar com a afetividade. Pressupõe que o seu contexto de significação seja o mesmo do aluno; não admite que o aluno tenha entendido de forma diferente. Não verifica mais suas hipóteses; passa a ser dogmática.
Disciplina é seguir normas existentes; é silêncio. O professor sente-se totalmente responsável pela disciplina da classe. Tem “sucesso”. Não quer dialogar a respeito dos problemas da sala (“Não posso perder a autoridade”). A disciplina é um problema restrito à sala de aula; e a culpa, evidentemente, é dos alunos.
Espontaneísta
a) Instável – nunca sabe bem qual o próximo passo. b) Frouxa/Omissa – não tem certeza de quase nada; alimenta culpa e má-consciência por saber mais que os alunos; a afetividade fica difusa, pois, de um lado, sente que se entrega aos alunos, mas, por outro, sente-se traído por eles, que “não sabem usar a liberdade” dada. Falta espinha dorsal.
Disciplina é seguir os impulsos, fazer o que tiver vontade. A responsabilidade é da classe (“Problema de vocês”; “eu já sei, vocês é que estão pagando”; etc.). Está sempre tendo que recorrer a esse discurso, pois não convence ninguém.
Dialético-libertador
a) Dialética – leva em conta as variações e contradições da realidade, procurando intervir a partir delas. Reconhece que está sujeita a equívocos e erros. Valoriza a participação, o respeito, a significação do trabalho, a autocrítica e a correção fraterna.
b) Firme/Terna – Tem certeza da causa pela qual luta, o que dá autoridade, porém alimenta a abertura no sentido de busca da verdade, o que dá humildade. Como sua causa, em última instância, é a humanização, tem ternura e respeito para com as pessoas.
Disciplina é a auto-regulação do sujeito ou grupo, tendo em vista o objetivo a atingir. O educador, num primeiro momento, assume a responsabilidade pela disciplina, enquanto articulador da proposta, levando porém a que a classe, progressivamente, a assuma também. Tem como parâmetro não a sua pessoa (sua “autoridade”), mas as necessárias condições para o trabalho coletivo em sala de aula.

Evidentemente, essas posturas não existem em “estado puro”. Cabem alguns questionamentos: Em cada realidade concreta em que atuamos, qual a tendência predominante? Até que ponto nos damos conta de que a postura Dialético-libertadora não é uma simples “média”, mas está perpassada por uma tensão contraditória (direção por parte do educador versus iniciativa por parte do educando)? Frente ao exposto, reiteramos que é urgente que a disciplina passe a ter um trato adequado na formação inicial dos docentes. Em relação aos professores que já estão atuando, essa formação pode se dar através de estudos e cursos; no entanto, consideramos que o grande espaço de formação continuada do professor é o trabalho coletivo constante na escola e a reunião pedagógica semanal, aliados a uma atitude de pesquisa da própria prática. Dessa forma, os problemas são enfrentados de maneira crítica e coletiva, constituindo-se não mais em motivo de queixas, mas em caminho de autêntica formação em direção a uma práxis transformadora.

Fronteiras do Pensamento


“Os jovens hoje pedem que ouçam as suas vozes, que considerem as questões que os afetam e que lhes seja reconhecido o seu papel. Ao invés de serem considerados um objetivo nas políticas de busca de emprego, eles querem ser aceitos como parceiros no desenvolvimento, contribuir para definir um rumo comum e criar um futuro para todos”.

Segundo Bercovich (Indicadores sociais: uma análise da década de 1980, 1995, p. 46), o grupo de jovens brasileiros - homens e mulheres - tem apresentado características peculiares quanto ao seu crescimento demográfico nas últimas décadas. Entre 1965 e 1980, este grupo cresceu significativamente em termos quantitativos em função das altas taxas de natalidade observadas em 40, 50 e 60. Verificou-se, do ponto de vista demográfico, a existência de períodos caracterizados por uma “onda jovem”. Bercovich (op.cit. 1995) chama atenção para as implicações deste fenômeno que traz à tona questões fundamentais em relação às necessidades de emprego, especialização educacional, cultura, lazer e comportamento, exigindo das esferas públicas a implantação de políticas sociais específicas.
Após mais de 500 anos de evolução histórica, o Brasil ainda não foi capaz de gerar um modelo de desenvolvimento, um projeto de nação, que tenha como compromisso básico a conciliação entre transformação produtiva e equidade social. Do ciclo do pau-brasil até os dias de hoje, em que temos a única indústria aeroespacial do hemisfério sul - passando pela cana-de-açúcar, pelo ouro, pelo couro, pelo algodão, pelo café, pela borracha, pela substituição de importações industriais e pelo moderno agronegócio - nenhum de nossos avanços econômicos teve como resultado a inclusão das camadas marginalizadas da população em patamares mínimos de bem-estar e dignidade. O resultado disto foi que um enorme contingente de famílias e comunidades vivem hoje apartados do acesso pleno aos direitos básicos da cidadania em termos civis, políticos, econômicos, sociais e culturais. Imersa na pobreza, na ignorância e na brutalidade, grande parte da nossa juventude habita um universo reduzido e espesso, onde sobram os riscos de todo tipo e faltam as oportunidades mais básicas. Impedidos de olhar com esperança para o futuro, suas vidas se degradam em termos pessoais e sociais. E o fruto disto - como todos sabemos muito bem - é a violência.
Toda idéia de juventude é que a morte está longe. A vida humana é como se fosse uma vida de uma planta: nasce, cresce, desenvolve e morre. É o ciclo da vida. O que acontece é que a juventude, dos nossos dias, convive com a morte de seus pares. São seus irmãos, seus primos, seus vizinhos que morrem, na maioria das vezes, por armas de fogo ou acidentes de trânsito. Quando a gente soma, em especial no Brasil, uma história de desigualdades sociais e de exclusão com uma realidade mundial de mudanças de relações de produção e de exclusão de grupos sociais, a juventude torna-se o segmento mais atingido. É por isso que a juventude aparece, atualmente, como um ator social, enfrentando diversos desafios da sociedade contemporânea. A grande questão é que o jovem dos dias atuais tem medo de sobrar. A sua inserção produtiva não está garantida. Vocês poderão dizer que sempre foi assim. Sempre existiu o jovem pobre e o jovem rico, o jovem incluído e o excluído. Sim, isto é verdade. Mas acontece que tínhamos um sistema de produção que garantia uma reprodução: o filho do camponês continuaria o trabalho do pai, da mesma forma que o filho do operário. Era injusto porque o jovem não tinha possibilidade de ascender socialmente, mas havia a possibilidade de pensar o futuro a partir de um lugar social. Aqueles que estudavam e que passavam no funil tinham a garantia que poderiam exercer a sua profissão ao final dos estudos.
Com a mudança do mundo do trabalho, cada vez mais restritivo e mutante, os jovens foram e são atingidos. Todos os jovens passaram a ter medo do futuro. Neste cenário, temos que ver todas as diferentes juventudes e suas questões sociais e raciais, suas questões de gênero e opções/ orientações sexuais. Os mais vulneráveis têm mais medo de sobrar e são os mais atingidos. Estamos diante de uma geração que é atingida na possibilidade de pensar o futuro a partir de mudanças estruturais da sociedade. Temos, portanto, marcos geracionais que dizem respeito à inserção produtiva e ao fato de poder projetar sua própria vida. Esses marcos exigem políticas públicas.
Diante disto, entendemos que o caminho da superação dos nossos atuais impasses e dificuldades passa pela adoção de "um conjunto articulado de ações governamentais e não-governamentais nos níveis da União, dos estados e dos municípios voltados para a viabilização da juventude popular urbana em todo país." (Novaes, 2006).
Como transitar de Dom Pedrito que temos para a Dom Pedrito que queremos? Como empreender esta grande, impostergável e urgente travessia? O caminho entende-se, passa pela construção de uma política de conjunto, para o desenvolvimento pessoal, social e produtivo de nossa juventude. Não mais uma política setorial e fragmentada, como as que praticamos até aqui. Mas um conjunto articulado de ações, que, tendo o jovem como destinatário último dos esforços do Estado e da sociedade, faça convergir para ele de forma intercomplementar e sinérgica o melhor dos esforços de cada agente envolvido nesse processo, requerendo, conforme nos fala Regina Novaes:
1. Uma política de desenvolvimento humano, que tenha como seu eixo estruturador a educação básica e profissional, fazendo da ampliação e qualificação do Ensino Médio e seu primeiro e maior desafio.
2. Uma política de saúde de corte altamente educativo, que seja capaz de gerar uma cultura de cuidado e de autocuidado para com e entre os jovens, de modo a promover seu acesso a serviços de orientação e apoio e, acima de tudo, prepará-los para a adoção de bons critérios para avaliar e decidir, quando expostos a situações de risco: sexo inseguro, drogas, violência contra si mesmos e os outros, acidentes de trânsito, trabalho, irregular, abusivo explorador, violação sexual, atos infracionais e tantos outros.
3. Uma política de tempo livre, que incentive adolescentes e jovens ao uso criativo, construtivo e solidário de seu tempo disponível em atividades que desenvolvam seu protagonismo, despertem neles valores positivos e elevem seu senso estético e a percepção do sentido ético de suas ações nos campos do esporte, da arte, da comunicação, do voluntariado social, da defesa do meio-ambiente e da reflexão e debate de questões relativas ao seu universo de necessidades e de interesse.
4. Uma política de geração de oportunidades de emprego, trabalho e renda, baseada numa nova cultura da trabalhabilidade, ou seja, uma maneira de ver, entender, agir e interagir com o mundo do trabalho, que tenha em conta os impactos sobre esta esfera da vida de dinamismos como a globalização dos mercados, o advento da era pós-industrial (novas tecnologias) e as novas formas de organização do processo produtivo.
Assim como, no passado recente, fomos capazes de combater a paralisia infantil, cumpre-nos, neste início de um novo século e de um novo milênio, combater a paralisia juvenil. Isto passa pela adoção das medidas aqui elencadas, assumindo em relação a elas compromissos de médio e longo prazo, buscando atuação coesa das políticas públicas, do mundo empresarial e do terceiro setor em torno da consecução destes objetivos e finalmente mantendo constância de propósito em face das adversidades, que inevitavelmente haverão de surgir na caminhada rumo ao seu pleno fim.
Para isso, segundo Regina Novaes, “mais do que tentar inventar a roda, devemos recorrer ao imenso patrimônio de idéias e experiências concretas desenvolvidas neste país nas últimas décadas tanto no campo das políticas públicas, como, principalmente, no campo da solidariedade social”.
Nosso grande desafio será aprender com tudo que vem sendo feito de bom e ruim aqui. Deveremos extrair o princípio ativo dos programas e ações que deram certo, utilizando - os em outros contextos para gerar novas iniciativas e melhorar iniciativas existentes. Alternativas existem e estão disponíveis a quem tiver visão para percebê-las, coração para senti-las e inteligência para aproveitá-las na construção de um hoje melhor para nossos jovens e de um amanhã melhor para Dom Pedrito, para o Brasil e para o mundo.